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Toda atividade profissional e empresarial está sujeita a determinados tipos de riscos, que, para serem evitados, precisam ser conhecidos e monitorados. Esse processo também é fundamental para garantir a adoção de medidas adequadas e no tempo certo com o objetivo de reduzir os efeitos negativos de um evento adverso, quando um risco se concretiza. Esse conjunto de ações é chamado de gestão de riscos e deve estar presente em todas as organizações, independentemente do porte e área de atuação.
A gestão de riscos deve ser entendida como uma boa prática corporativa, pois tem como principal efeito a proteção das pessoas, do meio ambiente e do próprio negócio, à medida que identifica e mitiga situações potencialmente negativas e que podem gerar prejuízos e responsabilizações. Além disso, garante mais previsibilidade aos gestores, evitando que sejam surpreendidos por eventos que poderiam ter sido identificados antecipadamente.
O que é gestão de riscos e qual a sua importância para a área da saúde?
Gestão de riscos é o processo estruturado de identificação, controle e gerenciamento das ameaças que podem afetar a organização empresarial ou que decorrem de suas atividades. O membro e professor do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da Fundação Getúlio Vargas (FGVSaúde), Walter Cintra, destaca que a gestão de riscos compreende todo processo o formal que vai do planejamento à execução de ações de prevenção e contingenciamento dos riscos e suas consequências.
“Numa organização de saúde, a gestão vai olhar especialmente, mas não só, para os riscos aos pacientes e aos profissionais que estão trabalhando na organização”, enfatiza Cintra. As situações envolvendo a assistência aos pacientes ganham muita relevância na área da saúde e abrangem uma série de riscos que precisam ser mapeados. Como exemplos, o professor cita o sigilo das informações; a identificação precisa dos pacientes, das medicações e dos procedimentos; cuidados para evitar infecções; a necessidade de oferecer condições de mobilidade e segurança nas clínicas e consultórios, entre outros aspectos.
Do ponto de vista da gestão do negócio, a visão precisa ser sistemática, ressalta a coordenadora da pós-graduação em Administração Hospitalar do Centro Universitário São Camilo, Selma da Costa Santos. Todos os processos, inclusive administrativos e financeiros, merecem atenção em relação aos riscos que possam ameaçar o negócio. Não gerenciá-los pode implicar custos elevados para a empresa, seja por conta de processos litigiosos, da necessidade de resolver problemas ou da má gestão dos recursos.
Durante o biênio 2020-2021 esse cuidado ganhou ainda mais relevância, pois muitas especialidades médicas foram impactadas pela pandemia e sofreram com a queda de receitas, associada a um aumento generalizado de custos, sobretudo, relativos à compra de insumos e à contratação de pessoal.
A pandemia, inclusive, é um risco para os negócios, mas um risco difícil de prever e que não estava no radar das empresas em 2019 e no planejamento para o ano de 2020. Foi um evento imprevisto que afetou inúmeros setores e reforçou a importância de se qualificar ainda mais a administração e corrigir deficiências. Organizações que, habitualmente, já trabalhavam com gestão de riscos também foram impactadas, mas sua capacidade de resposta tende a ser melhor e mais ágil para enfrentar uma situação inesperada.
“Hoje há menos dinheiro em caixa para garantir a sustentabilidade da empresa”, argumenta Selma sobre os negócios na área da saúde. Do ponto de vista financeiro, essa situação provocou mudanças na gestão de consultórios e clínicas, observa. “Antes, a questão das glosas era, muitas vezes, negligenciada. Agora, há um olhar mais atento para os buracos da receita.”
Os riscos, portanto, geram um efeito financeiro considerável, muitas vezes, associado a outros prejuízos não materiais, como uma crise de imagem, por exemplo. Tão importante quanto prever as ameaças é avaliar de que maneira elas podem comprometer a credibilidade profissional e o negócio como um todo. Além disso, é fundamental adotar processos e instrumentos tanto para evitar os riscos quanto para lidar com suas ocorrências.
Como colocar a gestão de riscos em prática?
Investir em gestão de riscos é sempre mais barato e eficiente do que arcar com custos decorrentes de eventos negativos que poderiam ter sido previstos e gerenciados. Mas como se faz isso na prática?
“É fundamental ter um programa de controle e gestão de riscos”, responde Cintra. “Isso tem que estar presente em todas as organizações, mesmo que seja um consultório”, acrescenta. O programa de controle e gestão de riscos mapeia todas as ameaças que podem afetar a empresa ou decorrer de sua atividade, descrevendo-as em um plano que deve ser atualizado anualmente.
Além do plano de gestão de riscos, Cintra lembra da importância de se elaborar um plano de contingenciamento, documento que estabelece as condutas a serem adotadas quando um dos eventos previstos ocorrer. Esses procedimentos de contenção devem estar detalhadamente descritos e ser compartilhados com todas as pessoas que trabalham na organização, sendo imprescindível que estas passem por treinamentos periódicos.
Esse planejamento também pressupõe o provisionamento financeiro para gerenciar os riscos e seus efeitos. Selma recomenda que seja feito um planejamento para o ano subsequente, considerando a realidade da organização, a especialidade médica do consultório ou clínica (condição que pode elevar o risco de litígios) e o custo médio da empresa com processos judiciais.
A partir dessas informações e da atualização monetária dos valores é possível projetar o custo para o ano seguinte. Selma sublinha que essas análises são especializadas; por isso, é indicado contratar uma consultoria que atue na área de gestão de riscos e conheça profundamente a área da saúde.
Além de todos esses planejamentos e processos, há instrumentos que auxiliam no provisionamento de recursos para gerenciar riscos e seus efeitos. É o caso do seguro de responsabilidade civil individual para médicos e profissionais da saúde. Outra opção associada à gestão de riscos é o seguro patrimonial para clínicas e consultórios.
Fonte: https://conexao.segurosunimed.com.br/
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