Algumas instituições de saúde passam por um dilema no momento atual, pois em muitas regiões do país houve um considerável aumento na demanda por serviços em saúde, devido ao aumento do número de beneficiários nos últimos anos ocasionando lotação de hospitais, à demora para agendar um exame ou uma consulta por falta de oferta de serviços. Tal situação é muito propícia a investimentos, por outro lado a economia do país dá claros sinais de dificuldades, inflação em ascensão, baixa taxa de crescimento, taxa de juros (apesar de baixa, comparada aos últimos anos) em elevação. Então fica a dúvida é o momento de investir? Temos uma demanda reprimida na busca de serviços de saúde, ou devemos esperar uma melhora da economia?
Não existe uma fórmula mágica para responder esta dúvida com precisão, mas existem cálculos e análises que podem amenizar os riscos. Na minha opinião, acredito que o momento é propício ao investimento, todavia lastreado em dados e análises que minimizem ao máximo as incertezas. Com esta breve introdução, vamos falar um pouco sobre investimentos.
Investimento, podemos definir como: dinheiro gasto hoje em bens e direitos com o objetivo de aumentar a quantidade de dinheiro a ser recebida no futuro. Diversas pessoas quando pensam em investimentos, a primeira lembrança que vem a mente são aplicações financeiras, imóveis, etc. Mas na visão de um investidor ou um empreendedor (proprietário de um negócio), o leque de opções é muito mais amplo.
Podemos elencar alguns motivos de investimentos:
1) Substituição: trocar um equipamento antigo que requer muita manutenção por um novo;
2) Redução de custos: aquisição de sistemas ERP, afim de agilizar processos e reduzir custos;
3) Modernização: Compra de um equipamento de ponta, reformas estruturais;
4) Expansão: Aquisição de imóveis e equipamento para ampliação;
5) Projetos: contratação de empresas de consultoria para projetos de acreditação, plano de marketing, planejamento estratégico, dentre outros;
6) Treinamento: Capacitação de pessoal para novos produtos e serviços, uso de sistemas, aperfeiçoamento gerencial.
A palavra investimento tem na sua essência a ideia de lucro, de retorno, de aumento de riqueza. Porém, a concorrência, o mercado e a mídia muitas vezes forçam o proprietário de uma instituição a realizar investimentos que não geram qualquer retorno, mas caso não seja concretizado, poderá implicar na perda dos clientes atuais.
Uma instituição com visual decadente, equipamentos antiquados, móveis desbotados, sofás sujos e rasgados, televisão de tubo na sala de espera, precisa tomar uma iniciativa para se modernizar por meio de realização de investimentos em reformas na estrutura física, de aquisição de equipamentos de ponta, de sistemas ERP, de programas de acreditação, etc, ou gradativamente irá se desfalecendo, e é interessante citar que muitas vezes o proprietário até não se dá conta do que está acontecendo, que precisa investir para se atualizar e enfrentar a concorrência.
Claro que se o proprietário da instituição tomar essas iniciativas, no exemplo citado acima, a empresa rejuvenescida, poderá até atrair novos clientes, mas é muito difícil mensurar este efeito, pois o foco principal é a manutenção da clientela, e caracterizando-se por um investimento que não gera aumento de receita, deve ser muito bem avaliado, ou seja, se irá captar recursos no mercado, qual a taxa de juros, qual o tempo para amortizar a divida, ou se existe a possibilidade de usar recurso próprio, etc, pois vale observar que haverá uma saída da caixa (muitas vezes um montante expressivo), com o risco de nenhum aumento na entrada de recursos, somente a manutenção da clientela atual.
Podemos citar ainda outros investimentos que são (eventualmente) necessários, mas dificilmente propiciam algum aumento de receita visível, como: aquisição de equipamento para oferecer maior comodidade ao cliente, mas sabido que terá baixa utilização; implantar as exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); inserir as regras da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) causam muitas vezes adaptações que podem implicar em altos investimentos, todavia sem retorno.
Mas o investimento em si, se caracteriza em ter um retorno, sempre acompanhado de um certo risco. As decisões neste tipo de investimento, como expansões, compra de um novo equipamento, transformação em uma clinica em um hospital, implantação de novas especialidades, entre outras devem sempre ser acompanhadas de análises que chamamos de “Projetos de viabilidade econômico financeira” ou “Business Plan”.
A análise do investimento serve para avaliar os efeitos nos resultados econômicos e financeiros da empresa por meio de previsões que estimam o volume de atendimento, o pagamento do investimento (amortização da dívida), os resultados operacionais gerados (estimativa das receitas e dos custos) e o tempo que irá demorar para recuperar o capital empregado.
O cálculo normalmente baseia-se em critérios comparativos entre uma ou outra alternativa, possibilitando ao investidor (antes de investir) conhecer estimativas de retorno entre duas ou mais opções, qual delas lhe proporcionará a melhor taxa de retorno e o tempo para recuperação do capital investido. Este modelo comparativo é chamado de “Custo da Oportunidade”.
Por exemplo: Aplicar R$ 60.000,00 no mercado financeiro a uma taxa atual de aproximadamente 0,7% ao mês proporcionará ao investidor em um prazo de 5 anos o montante de R$ 91.000,00 – Caso este investidor adquirisse um equipamento neste mesmo valor e considerando que em 5 anos este equipamento estaria obsoleto e necessitando ser substituído, então as vendas com o uso deste equipamento deveriam proporcionar ao empreendedor pelo menos o montante de R$ 151.000,00, dos quais R$ 60.000,00 para repor o equipamento obsoleto e R$ 91.000,00 de recuperação, empatando com a remuneração oferecida pelo mercado financeiro, vale observar que este montante deve ser alcançado somente com a taxa de uso do equipamento sem considerar o honorário do médico que realizou o serviço.
Existem diversas metodologias e técnicas para avaliação de investimento, portanto antes de ampliar a clínica, comprar um novo equipamento, é sempre aconselhável fazer um projeto de viabilidade, através dele é possível reduzir bastante o risco na hora de investir, posso garantir que vale a pena gastar um pouco para ter este estudo, mas se a decisão de comprar já foi tomada independente de qualquer análise , o conselho é: não faça os cálculos depois que adquiriu, pois você poderá ter surpresas desagradáveis , talvez fosse melhor não saber!
Eduardo Regonha
Diretor Executivo da XHL Consultoria