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Abrir o próprio consultório é o sonho de muitos profissionais de saúde. Nesta empreitada, é comum que se chame um amigo para ser seu sócio, afinal, você confia nele mais do que confiaria em um estranho.
De fato, a proximidade é a grande vantagem ao ter um amigo como sócio. “Um grau de intimidade maior favorece que ambos os profissionais tenham objetivos e visão de futuro comuns, algo fundamental para que todo negócio dê certo. A afeição auxiliará a pensar de forma conjunta”, afirma Allan Esron Pereira Inácio, coordenador de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Isso porque, de acordo com o docente, a falta de um objetivo comum é uma das principais causas da dissolução de sociedades.
No entanto, a linha é tênue para que a intimidade se transforme em uma desvantagem, pois é fácil misturar os lados pessoal e profissional. “Isto pode se manifestar tanto em eventual negligência de trabalho (‘ele é meu amigo e não se importará’) até o uso cotidiano de linguagem falada – que se aceita devido à proximidade, mas não é adequada no contexto. Isto torna o clima organizacional não propício ao trabalho eficiente”, alerta Edson Barbero, professor de Administração e Coordenador do Centro de Empreendedorismo da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP). Desta forma, é importante cuidar para que o ambiente de trabalho seja o mais profissional possível.
A importância da formalização
Outro fator fundamental para que a parceria dê certo é sair da palavra e fazer negócios de maneira formal – mesmo que exista confiança entre os sócios-amigos. “É preciso documentar as regras da sociedade de maneira extremamente clara em um contrato social da empresa”, ensina Katy Securato, advogada e professora da Trevisan Escola de Negócios.
Este documento deve conter detalhes como responsabilidades de cada sócio, pró-labore, divisão de lucros e outros aspectos financeiros, assim como os principais valores da sociedade. Para desenvolvê-lo, vocês podem organizar reuniões de brainstorming para que todos os pontos fiquem claros. “A partir daí, o ideal é contar com o apoio de um advogado especialista”, completa Barbero. Durante a elaboração, cuidem para que não seja instaurado um clima de desconfiança – o contrato escrito é apenas uma forma de resguardar as relações no longo prazo, não um sinal de que vocês não confiam um no outro.
Definindo papéis
Além de se relacionarem bem na vida pessoal, é interessante que vocês tenham competências complementares – não apenas no aspecto clínico e prático da profissão mas, também, no gerencial. “Os sócios devem pensar nisso antes da abertura do consultório ou clínica e colocar no papel quem será responsável por qual área, assim como os objetivos de cada atividade e o que se espera de cada um”, diz Inácio.
Aquele que tiver maior aptidão com finanças, por exemplo, pode se responsabilizar por essa parte. A outra parte pode lidar com recursos humanos com maior facilidade, assumindo essa área – e assim por diante. Desta forma, não há refação de tarefas, tampouco uma atividade deixa de ser executada porque um pensou que o outro tomaria conta daquela questão – outro motivo comum de desentendimento.
“Especialmente para médicos, recomendo que ao menos um dos sócios procure compreender técnicas e teorias de gestão. Há cursos no mercado sobre Gestão para Saúde. Notadamente, sugere-se que um dos médicos-sócios tenham maior vocação aos aspectos comerciais e negociais”, finaliza Barbero.
Fonte: https://conexao.segurosunimed.com.br/
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